DEVANIR

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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

domingo, 6 de novembro de 2011

Características da música do final do século XVIII ao século XIX


Características da música - final do século XVIII até o século XIX[1]
Período Clássico
Período Romântico
A crença na eficácia do conhecimento experimental aplicado e a crença no valor dos sentimentos naturais comum a todos os homens.
As obras do Romantismo valorizavam o individualismo, o sofrimento amoroso, a religiosidade, a natureza, os temas nacionais e o passado.
Concertos públicos destinados a uma platéia variada.
No início do século XVIII, o espírito romântico manifestou-se, prioritariamente, no gosto pelos cenários naturais selvagens e pitorescos.
Popularização das partituras, que eram, inclusive, publicadas em periódicos e, com isso, uma nova gama de pessoas interessava-se em ler e discutir música.
Maior liberdade de forma e de concepção em sua música, e a expressão mais intensa e vigorosa de sua emoção, frequentemente revelando seus pensamentos mais profundos, inclusive dores.
A arte musical passou a ser pensada como produtora de sentimentos através da beleza dos sons.
Os compositores do período dialogavam com as outras expressões da arte, como a literatura e as artes plásticas; liberdade, autoexpressão e temas relacionados aos sonhos, paisagens fantásticas, alegrias e tristezas do amor etc.
A música devia ser ao mesmo tempo nobre e agradável, devia ser expressiva, mas dentro dos limites do decoro; devia ser natural
 Orquestra: As novas possibilidades de cor e sonoridade foram continuamente exploradas. Aspectos técnicos com efeito sonoro real.
Os compositores desse período criaram obras em que transpareciam claridade e acessibilidade, em contraposição ao estilo polifônico do período Barroco.
Os instrumentos de percussão ficaram mais variados, com novos matizes sonoros, e foi necessário aumentar a seção de cordas para se manter o equilíbrio entre as quatro seções.
Os traços de claridade e simplicidade, a elaboração sistemática de ideias, a aproximação da expressão musical e o equilíbrio entre estrutura e expressão estabelecem as bases do estilo clássico.
A maioria das baladas eram poemas bastante longos, onde a narrativa e o diálogo alternam um história repleta de peripécias românticas e incidentes sobrenaturais. (lied alemão)
As composições passaram a enfatizar a graça e a beleza da linha melódica, a forma, a proporção e o equilíbrio entre a expressividade e a estrutura formal.
O piano passou a desempenhar um papel tão importante quanto o da voz, participando igualmente do objetivo de ilustrar o significado da poesia.
A melodia é homofônica, sustentada por um conjunto de acordes, embora o contraponto não seja totalmente abandonado.
Canções revelaram a simplicidade e o despojamento da música popular, outras possuíam uma tônica de suavidade e melancolia.
As obras compostas para instrumentos eram mais frequentes que as feitas para canto, sendo muitas delas escritas especialmente para piano. Em virtude de o piano ser um instrumento que permite dinâmicas na execução, ele obteve grande destaque no período clássico.
No século XIX há um refinamento do piano, com diversas modificações técnicas que proporcionaram ao instrumento uma sonoridade mais rica, variada e complexa, o piano foi o instrumento romântico por excelência.
Principais formas de composição eram Sonata, a Sinfonia e o Concerto, bem como, nesse período, as melodias são mais curtas que no período barroco, porém marcantes e com ritmos vivos.
Boa parte da música romântica para piano foi escrita em forma de dança ou sob a forma de breves peças líricas.
Sonata: Exposição: tema 1 e tema 2. Desenvolvimento: temas 1 e 2, executados em diferentes tonalidades; discussão, desenvolvimento de ideias já expostas. Recapitulação: temas 1 e 2 tocados de forma ligeiramente modificada.
O romantismo tinha estreita relação com a literatura e a pintura e esse aspecto contribuíram para a Música do tipo narrativo ou descritivo: a sinfonia descritiva, a abertura de concerto e o poema sinfônico.
A sinfonia é uma sonata para orquestra (o termo quer dizer soar em conjunto),
A sinfonia descritiva foi uma composição que pretendia descrever detalhadamente uma obra literária,
O concerto clássico teve sua origem no concerto solo do período Barroco. A principal característica de um concerto é a melodia de um instrumento solista, com o acompanhamento orquestral.
A abertura de concerto detinha outro sentido: era uma peça orquestral escrita para apresentação em concerto que se baseava em temas literários, de sentido descritivo, composta em um só movimento
Gluck buscou reformar a ópera, de forma a reduzir a música à sua verdadeira função, que é a de secundar a poesia para fortalecer a expressão dos sentimentos e o interesse pelas situações, sem interromper a ação e desaquecê-la com ornamentos supérfluos.
O poema sinfônico foi uma forma orquestral em que um poema fornecia uma base narrativa ou ilustrativa. Em geral, ele era escrito em forma de sinfonia, em um só ato, para ser executado por uma orquestra. O compositor descrevia sentimentos e o despertar de emoções advindas da obra em que ele se baseava.


Referências:


[1] PEREIRA, Marco Aurélio Monteiro. Tópicos temáticos em História, cotidiano, mentalidades, representações e vida material: Introdução à História da Música.  (Orgs) Marco Aurélio Monteiro Pereira e Melissa Pedroso da Silva Pereira. Ponta Grossa : UEPG/NUTEAD, 2011

O que é Arte? O que é Música?

O tema Arte inclui um conjunto de conceitos e de problemas muito variado, os quais pertencem a uma configuração difícil de delimitar, pois existem sentidos classificativos e valorativos. Diante disso, ao se fazer um recorte temporal e analisar certas sociedades encontram-se seus respectivos significados nas representações artísticas.
Assim, Giulio Carlo Argan ao restringir as chamadas artes visuais, relata que:

Pode considerar-se obra de arte um complexo monumental a até uma cidade inteira, a podem considerar-se obras de arte em si mesmas as coisas que constituem aqueles conjuntos (edifícios religiosos a civis, públicos e privados; ruas, praças, parques; pontes, estátuas, fontanários, etc. (...) podem ser obras de arte um templo, um palácio, uma vivenda, uma fortaleza; um móvel ou um qualquer utensílio; um paramento sacro, um estandarte, um traje de cerimónia, uma armadura de parada ou de combate. (ARGAN, s/d, p.1)

Nesse sentido, Arte é tudo aquilo que se expressa, se vê, tem formas, etc. Ela tem significados diferentes em cada cultura e em diferentes épocas, ou seja, é tudo aquilo que representa e manifesta a expressão da criatividade da humanidade, porém se faz necessário que seja reconhecido pela coletividade. Em outras palavras, “As formas valem como significantes somente na medida em que uma consciência lhes colhe o significado: uma obra é uma obra de arte apenas na medida em que a consciência que a recebe a julga como tal”. (ARGAN, s/d, p. 2)
Diante disso, observa-se que no passado a “teoria da arte” ditava os conceitos de um padrão ideal a ser seguido pelos artistas para atingir a perfeição nas atividades artísticas. Na contemporaneidade, ARGAN (s/d, p. 2) relata que tais técnicas se inverteram, pois se aplicam a “um princípio estrutural comum, aproximando-se, assim, dos métodos do estruturalismo linguístico”, bem como, lhe é atribuído um valor de mercado.
No que respeita à música, essa arte vai além de combinar sons. Dessa forma, o conceito de música, superficialmente, pode ser compreendido a partir do momento em que se avaliam os mais diversos modos de vida ou culturais, dentro de uma determinada época. Assim, a música é a forma pela qual o compositor se expressa em uma dada sociedade.
Nesse contexto, a música na História da humanidade, exerceu um importante papel na consciência nacional, pois, como nos tempos da Ditadura Militar, contribuiu na formação de valores e hábitos imprescindíveis para o desenvolvimento do exercício da cidadania. Dessa forma, a música pode ser vista de diversas formas, depende do recorte temporal que o historiador irá analisar, bem como o contexto e valores que foram atribuídos.

Referências:

ARGAN, Giulio Carlo.  Preâmbulo ao Estudo da História da Arte. Disponível em: Arquivos da disciplina, AVA/NUTEAD, 2011.

PEREIRA, Marco Aurélio Monteiro. Tópicos temáticos em História, cotidiano, mentalidades, representações e vida material: Introdução à História da Música.  (Orgs) Marco Aurélio Monteiro Pereira e Melissa Pedroso da Silva Pereira. Ponta Grossa : UEPG/NUTEAD, 2011

Por: Devanir Vicentin

PSS 2012 - Processo Seletivo Simplificado / Pr



Inscrições:
Início: 07/11/2011
Término: 18/11/2011 às 18:00h



Mais informações, clique aqui:

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Escolas estaduais do Paraná terão turmas menores

Escolas estaduais do Paraná terão turmas menores a partir de 2012

A Secretaria de da Educação publicou nesta sexta-feira (28), em Diário Oficial, novas resoluções sobre o porte das escolas e o número de estudantes por turma para o ano letivo de 2012 na rede pública estadual de ensino. Os documentos garantem a redução do número de alunos por turma, organizam as 2,2 mil escolas de acordo com sua infraestrutura e criam novas funções de profissionais da educação. A partir deles, o número de profissionais nos estabelecimentos de ensino será ampliado e adequado.

A resolução número 4527/2011 fixa o número de estudantes para efeito de composição de turmas das escolas da rede pública de ensino do Paraná para o ano letivo de 2012. Com o novo documento, o número de alunos por turma será reduzido. No ensino fundamental, as turmas – que pela resolução anterior podiam ter até 40 alunos – agora terão no máximo 30, na 5ª e 6ª séries, e até 35 na 7ª e 8ª séries.

No ensino médio, o número máximo de alunos foi reduzido... Continue lendo em:

sábado, 1 de outubro de 2011

Vestibular a Distância da UEM

A Universidade Estadual de Maringá aceita as inscrições para o Vestibular de Educação a Distancia 2011, para os cursos de História e Letras.
O prazo terminará no dia 10 de outubro e os candidatos poderão se inscrever somente pela internet, por meio do site www.vestibular.uem.br, mediante pagamento da taxa de R$ 60,00. As vagas estão distribuídas nos polos de Educação a Distância de Assaí, Astorga, Cidade Gaúcha, Cruzeiro do Oeste, Diamante do Norte, Engenheiro Beltrão, Ibaiti, Nova Londrina, Paranavaí, Sarandi, Siqueira Campos, Ubiratã e Umuarama. Os candidatos terão que pagar a taxa de inscrição e enviar a documentação exigida até o dia 11 de outubro. Os aprovados, que ingressarão no primeiro semestre de 2012, farão as provas nos dias 11 e 12 de dezembro deste ano. Os resultados serão divulgados no dia 13 de janeiro, a partir das 10 horas. As matrículas, para a primeira chamada, serão aceitas de 13 a 16 de janeiro. 


Fonte: Universidade Estadual de Maringá

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Paço Municipal de Sarandi/Pr - Década de 80

 
Prédio do Paço Municipal de Sarandi em 1984, na Avenida Londrina, centro da cidade. Neste mesmo local, funcionaram, também, o Departamento de Água; a Junta Militar; a Secretaria da Educação Municipal e o departamento de Assistência Social.
Atualmente (2011), o Paço Municipal de Sarandi funciona em um prédio localizado na Rua José Emiliano de Gusmão, o qual foi construído com o intuito de servir ao funcionamento da Biblioteca Municipal. Entretanto, a Biblioteca Municipal funciona em dois locais distintos, a saber: uma parte funciona na Casa da Cultura, localizada na Praça Ipiranga (centro do município), Fone: (44) 3274-0046 e, a outra parte funciona em um salão localizado na Avenida Rio de Janeiro, 495, no Jardim Independência. Fone: (44) 3264-0202.

Referência:

Site da Prefeitura de Sarandi: Acesso em: 23/06/2011 às 21hs e 08mn.

Postado por Devanir e Marcia Regina

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Vestibular EaD - Pólo de Sarandi/Pr

Inscrições até o dia 3 de junho


A Prefeitura Municipal de Sarandi, firmou convênio com o Instituto Federal de Educação, para a realização de mais 5 cursos técnicos à distância no pólo de Sarandi. Os cursos tem duração média de 3 anos com freqüência de uma vez por semana, totalmente gratuitos.

As inscrições para o vestibular já estão abertas e vão até o dia 3 de junho. O vestibular será no dia 19 de junho. As aulas começam em julho. Os cursos são: Técnico em Segurança do Trabalho, 20 vagas; curso técnico em Reabilitação de Dependentes Químicos, 20 vagas; curso técnico em Meio Ambiente, 20 vagas; curso técnico em Logística, 20 vagas; cursos técnicos em Eventos, 20 vagas.

Maiores informações no site: www.ead.ifpr.edu.br , ou no pólo de educação à distância de Sarandi na Escola Municipal Sagrada Família, na Rua Castro Alves ,3225, Jardim Independência Terceira Parte, fone: 3905-1869.

Fonte: Prefeitura do Município de Sarandi/Pr

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Relações estabelecidas entre escravos do período colonial e o trecho do filme "Quanto Vale ou é por Quilo?"

Por: Devanir  Vicentin

No século XVI, as realidades do trabalho escravo e das relações estabelecidas entre escravos do período colonial se deram de três maneiras: no campo, o sistema de exploração é rigidamente estruturado e não há, para o escravo, possibilidade de ascender na hierarquia social; na cidade, o escravo, resguardado na obediência, possui certa mobilidade e mais independência diante de seu senhor; e na mina, as condições do trabalho são mais penosas, entretanto, o escravo pode ascender na hierarquia social com esperança de alforria.
Nesse sentido, as relações estabelecidas entre os escravos e as novas sociedades do período colonial foram de vários tipos: desde relações matrimoniais, sociais de vizinhança, de grupo, de lazer até associações de tipos diversos.  Entretanto, tanto para a sociedade branca quanto para a negra, o escravo representava apenas a mão de obra, ou seja, “engrenagem” da economia dessa sociedade, já que ele não tinha valor porque não era considerado um cidadão (para os brancos) e/ou reconhecido como um igual entre os outros negros. Diante disso, na medida em que se estabeleceram vínculos, estes poderiam representar uma aceitação de diferentes grupos e/ou uma forma de um grupo se unir contra uma situação que ele esteja enfrentando, pois cada grupo tem seus próprios interesses, por isso se unem para preservar aquilo que para eles era vantajoso, marcando, assim, tanto as relações internas de diferentes grupos quanto às externas, já que houve escravos que foram alvos de solidariedades dos senhores por dominarem uma técnica de produção diferenciada ou por terem conquistado o respeito da sociedade ou do grupo com o qual este escravo se relacionava.
Relacionando os dois períodos e realidades com o trecho do filme “Quanto vale ou é por quilo?” foi possível verificar as semelhanças existentes entre o século XVI e algumas das realidades presentes na atualidade, como a corrupção e a exploração dos menos favorecidos pela camada dominante, de uma forma mais dissimulada e perspicaz. Por esse ângulo, a violência do Brasil escravista ainda é explícita nos dias de hoje, porém sob outra camuflagem, já que as autoridades dos dias atuais têm uma postura diferente, mas a violência continua quase a mesma, assim como os abusos sobre a camada mais pobre vestiu outras roupagens, ou seja, naquela época os castigos eram amparados pela Lei. Atualmente, a falta de liberdade e/ou sujeição ao trabalho escravo não está limitado apenas aos indivíduos de pele escura, contudo abrange a maioria das pessoas com menos recursos como os marginalizados e os excluídos.
 Para concluir, o escravo fora do mundo dos "brancos", não encontrava segurança e nem garantia de cidadania no período colonial, não era livre, nem defendido pela Igreja e estava exposto a repressões físicas. No que se refere ao preso, ele não respeita a lei, é nocivo a sociedade, sem "moral" interferem negativamente na vida das pessoas, mesmo que as escolhas de vida desses indivíduos na maioria, negros e mestiços, não tenham sido muitas na vida, numa sociedade capitalista e excludente que só tem valor quem consome.

Referências:

                                                                                                                                             
MATTOSO, Kátia M. de Queirós. Ser escravo no Brasil. p. 98 a 143. Material disponível em: Plataforma AVA/UEPG 2011.

SZESZ, Christiane Marques; PETRUSKI, Maura Regina e LEITE, Renato Lopes. História do Brasil I - Ponta Grossa: UEPG/NUTEAD, 2011.

Acesso em 21/03/2011 às 00h:11mn.


Acesso em 19/03/2011 às 23h:16mn.

Representação das Mulheres no Brasil Colonial


Por: Marcia Regina de Souza


Para a sociedade colonial, o conjunto dos fenômenos da vida sexual da mulher deveria servir apenas à reprodução dentro do matrimônio, bem como desprovido de paixão amorosa, erotismo. Em contrapartida, a sexualidade do homem poderia ser entremostrada, desde que não constrangesse a sociedade e nem desamparasse sua família, ficando a passividade restrita à mulher, numa condição de subserviência ao homem. Assim, a prevenção somava-se à repressão para impedir o despertar da sexualidade feminina, o que propiciava a veiculação e, muitas vezes, as cristalizações do estereótipo feminino.
 
Nesse contexto, tanto a Igreja quanto o Estado corroboraram para naturalizar essa condição para a mulher, pois na visão de ambas as instituições: homem e mulher deviam se unir pelo casamento, bem como tinham a obrigação de procriar, fatos que complementariam os projetos à constituição de uma sociedade organizada. Diante disso, o papel da mulher se restringiu a funções, de maneira que “a função biológica da mulher (reprodutora) estava ligada à outra função moral e metafísica: a mulher deveria ser mãe e, sendo mãe, deveria ser frágil e submissa” (SZESZ: 2011, p.73).
 
Diante disso, o casamento serviria para consolidar relações de amizade entre as elites e para salvaguardar bens territoriais das famílias. Além disso, o matrimônio simbolizava um grau de prestígio perante a sociedade, fazendo a diferenciação na hierarquia social. O que pôde ser constatado no filme Desmundo (2003) quando Francisco (Osmar Prado):
  
(...) não está disposto a perder sua esposa, pois precisa limpar seu nome perante Deus e a sociedade, ter, então, um filho com Oribela, uma mulher branca e portuguesa, é uma possibilidade de ser perdoado por seu pecado (incesto) e poder sair da reclusão em que vive. Francisco não luta, desta forma, por seu amor e sim por sua honra masculina, social e religiosa. (OLIVEIRA: 2008, p.6)
  
Nessa condição social, a mulher experimentava, ao mesmo tempo, uma realidade ambivalente, já que, por um lado, deveria ser virtuosa perante a sociedade e, por outro, necessitava de liberdade e independência para extravasar seus sentimentos e sexualidade, desejando transgredir o estereótipo que lhe fora imposto. Diante disso, a revelação do desejo e/ou quaisquer forma para exercitar e satisfazer sua sexualidade seriam consideradas crimes perante as Leis do Estado, da Igreja e da sociedade.
 
No entanto, algumas mulheres não aceitaram “passivamente a subordinação aos valores misóginos e sobretudo às determinações da Igreja” (ARAÙJO: s/d, p.53), bem como recorreram a estratégias tanto como forma de reação quanto para se satisfazerem sexualmente. Assim, entre elas está o adultério, que, no período colonial, tornava-se muito arriscado à mulher, porém “os refúgios do pecado eram os de sempre, o mato, a rede, a cama, mas as ocasiões variavam” ((ARAÙJO: s/d, p.60). Outras reações/estratégias eram a fuga e a clausura do convento, às quais facilitavam uma aproximação entre as mulheres como forma de se ampararem no amor, umas com as outras, ou seja, levando-as a praticarem o homossexualismo, já que
 
“(...) A troca de informações, a difusão de saberes restritos ao cotidiano feminino davam às mulheres ocasião, “em certa medida”, de criar um mundo feminino, expressado em laços de solidariedade e amizade entre vizinhas, amigas e parentes, nos expedientes alternativos de esperança e num poder informal e difuso”. (ARAÙJO: s/d, p.54)
   
Além disso, o fato de as mulheres viverem em clausura facilitava à disposição a infringir os costumes, pois
 
“Longe do olhar paterno e da vigilância de vizinhos, a jovem e vaidosa freira passava a integrar uma corporação das mais fechadas, com suas próprias regras e transgressões, cuidadosamente reguladas. Assim, a sexualidade reprimida em casa podia agora se extravasar de mil maneiras, algumas sutis, engenhosas, ardilosas mesmo, outras sem maior rebusco, sem cuidado, sem pudor algum. (ARAÙJO: s/d, p.69)
  
Em decorrência do exposto, assim como o filme Desmundo (2003), este estudo procurou desmistificar a imagem de mulher “frágil, delicada e submissa” constituída ao longo do período colonial, já que “(...) a Igreja e a medicina representaram conjuntamente as instituições que, de modo significativo, estabeleciam o sentido e o lugar da mulher” (MENDONÇA & RIBEIRO: 2010, p.01) por meio da utilização de discursos moralizantes, bem como da violência para a construção, reconstrução e cristalização da identidade social feminina e sua condição, bem como este conceito assegurava a dominação masculina sobre as mulheres.
 
Portanto, farei uso das palavras de Oliveira (2008, p.07) “A igualdade de gênero deve ser trabalhada na escola, para reverter a cultura que aqui foi impregnada e o cinema é uma ótima forma de se realizar esse trabalho”, já que são por meio das práticas discursivas que se faz com que os indivíduos, menos preparados, pertencentes à sociedade, concebam como “naturais” os discursos preconceituosos ligados a valores discriminatórios, neste caso relacionado à mulher.

  

 

 Referências:

  

 ARAÚJO, Emanuel. A arte da sedução: sexualidade feminina na Colônia. In: A História das Mulheres. Material disponível em: Plataforma AVA/UEPG 2011.

  
MENDONÇA, João Guilherme Rodrigues; e RIBEIRO, Paulo Rennes Marçal. Algumas reflexões sobre a condição da mulher brasileira da colônia às primeiras décadas do século XX. In: Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação. v.5, n.1 (2010). Disponível em: Acesso em 22-04-2010 às 09h: 27mn.

  
OLIVEIRA, Diovana Ferreira de. Desmundo: o cotidiano da mulher no Brasil colonial: uma análise cinematográfica. In: Anais do II Encontro Internacional de História Colonial. Mneme – Revista de Humanidades. UFRN. Caicó (RN), v. 9. n. 24, Set/out. 2008. ISSN 1518-3394. Material disponível em: Plataforma AVA/UEPG 2011.

  
SILVA, Tânia Maria Gomes da. Trajetória da historiografia das mulheres no Brasil. In: POLITEIA: Hist. e Soc., Vitória da conquista, v.8, n. 1, p. 223-231, 2008. Material disponível em: Plataforma AVA/UEPG 2011.

  
SZESZ, Christiane Marques. História do Brasil I. (Orgs.) Christiane Marques Szesz, Maura Regina Petruski e Renato Lopes Leite. Ponta Grossa: UEPG/NUTEAD, 2011.

  
Desmundo (filme). Direção Alain Fresnot. Duração: 100 min. Brasil. Atores: Simone Spoladore, Osmar Prado, Berta Zemei, Beatriz Segall. Gênero: Drama. Estúdio/Distrib.: Sony Pictures, 2003.